quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nós, adultos, temos que cuidar da infância : texto 2

                                                            (encontro de educadores)


      Ter o direito de errar e acertar, arriscar, sonhar, ser amado. As instituições,
família, escola têm se preocupado com isso? Deixamos nossas crianças construírem a
partir dos erros ou os crucificamos por isso? Alimentamos seus sonhos ou os destruímos
com desesperança? Sabemos dar o amor que elas precisam ou apenas os mimamos para
que nossa tarefa seja mais fácil? Afinal o que é amar uma criança? Com certeza é muito
mais do que dar colo, sorvete de chocolate e o brinquedo da moda.

      Entendo que amar é proteger: do consumismo, da violência, da “adultez” precoce, é
ensinar até onde vai nossa liberdade, é dar limites e, com certeza, regá-la com afeto,
carinho, abraços, acolhimento, amor. Essas palavras são reiteradas na fala de uma outra
aluna:

Jéssica L. “A infância deveria ser regada de afeto, amor, carinho, educação. Passamos por brincadeiras, acidentes, uns graves outros nem tanto, surpresas, viagens, passeios, algumas perdas de pessoas, animais queridos; descobre-se o mundo num dia; e no outro não se sabe nada. A infância deveria ser como férias.”

"A Infância deveria ser como férias". Para mim, uma definição no mínimo original,
linda, digna de uma reflexão. Afinal o que representa a palavra férias? Paz, sossego,
diversão, aventura, quebra de rotina, relógio parado, telefone desligado, viagem,
encontro com pessoas queridas, balançar na rede, castelos na areia, e eu poderia seguir
enumerando infinitamente coisas bonitas e agradáveis, simples ou audazes, mas prefiro
resumir como sendo “ tempo de ser feliz”.

      Cabe lembrar que nosso cérebro é uma caixinha de surpresas capaz de
desenvolver, entre outras capacidades, mecanismos de auto- defesa. CURY nos conta
que:

“Um psicólogo clínico pediu a um paciente que contasse detalhes do seu passado. O paciente se esforçou, mas só conseguiu falar das experiências que o marcaram. Vivera milhões de experiências, mas só conseguiu falar de algumas dezenas. O psicoterapeuta achou que ele estava bloqueado ou dissimulando. Na realidade, o paciente estava correto. Nós só conseguimos dar detalhes das experiências que envolvem perdas, alegrias, elogios, medos, frustrações. Por quê? Porque a emoção determina a qualidade do registro. Quanto maior o volume emocional  envolvido em uma experiência, mais o registro será privilegiado e mais chance terá de ser resgatado. Onde ele é registrado? Na MUC, que é a memória de uso contínuo ou memória consciente. As experiências tensas são registradas no centro consciente, e a partir daí serão lidas continuamente. Com o passar do tempo, elas vão sendo deslocadas para a periferia inconsciente da memória, chamada de ME, memória existencial. Em alguns casos, o volume de ansiedade ou sofrimento pode ser tão grande que provoca um bloqueio da memória. Este bloqueio é uma defesa inconsciente que evita o resgate e a reprodução da dor emocional...Algumas crianças sofreram tanto na infância, que não conseguem recordar esse período de sua vida...Uma ofensa não-trabalhada pode estragar o dia ou a semana. Uma rejeição pode encarcerar uma vida. Uma criança que fica presa num quarto escuro pode desenvolver claustrofobia. Um vexame em público pode gerar fobia social”.
(CURY, 2003, p.108 e 109)


      Por que falar sobre isso? Justamente para ressaltar o quanto nós, adultos, temos que cuidar da infância para que seja uma fase de luz que emana seus raios positivos nas demais fases do desenvolvimento.
    
 Fazendo pesquisas para falar melhor sobre o tema, descobri que, muitas pessoas guardam na memória existencial, ou seja, no inconsciente, fatos importantes de suas vidas, como se escondendo essas memórias o fato em si fosse apagado. Boas ou ruins as experiências ividas podem ser re- significadas, mas não deletadas como se fossem arquivos de computador. Estamos falando de memória humana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário