(eu em sala de aula)
Em meio a tanta violência, negligência, atrocidades, exploração a que todos
estamos expostos, sem distinção de cor, idade, classe social fico pensando naqueles cuja
vulnerabilidade lhes delega um lugar de risco independente de sua vontade, as crianças.
As situações a que estão expostas hoje, tráfico, exploração sexual, trabalho
infantil, “drogadição”, nos leva muitas vezes a esquecer a essência do que é ser criança,
como se não houvesse fronteira entre essa imprescindível fase da vida e o mundo
adulto. Essa preocupação pode ser vista numa citação de SNYDERS:
“Eu queria uma (instituição) onde a criança não tivesse que saltar as alegrias da
infância, apressando-se, em fatos e pensamentos, rumo à idade adulta, mas onde
pudesse apreciar em sua especificidade os diferentes momentos de suas idades”.
(SNYDERS, 1993, p.29).
Percebendo a importância que tem as instituições de educação infantil a partir de
um modelo não mais puramente assistencialista, mas onde o cuidar e o educar se
entrelaçam no sentido de proteger e ao mesmo tempo preparar as crianças para a vida
em sociedade, em contraponto ao entorno social que as rodeia, fiquei pensando na
concepção que as pessoas tem sobre infância.
Vejo esse fato por dois ângulos: Em primeiro lugar o impacto que o desrespeito à
criança causa nas pessoas, o que interpreto como positivo, pois mostra que existe
preocupação com nossas crianças por parte da sociedade, mas o que considerei
preocupante é que as consequências desse caos social leva as pessoas a pensar apenas
nos problemas, manifestando sua indignação e tendo dificuldade de ver a infância na
sua originalidade, nas representações próprias desta fase.
Pedi para meus alunos, ano passado justamente fazerem um exercício sobre a infância, onde deveriam escrever o que acham da infância, peguei as duas melhores respostas para repartir com vocês aqui, não imagino citações mais originais do que vindas de crianças:
Clarice V. 14 anos “Infância para mim é brincar, descobrir coisas novas, fazer amigos sem pensar nas diferenças; é sonhar, inventar as mais diversas brincadeiras, descobrir aos poucos o que é certo e o que é errado, ter medo de tudo e ao mesmo tempo não ter medo de nada”.
Diego C. 10 anos “Viver a infância é achar-se a pessoa mais importante, e que tudo deve ser feito para que esteja sempre feliz; é não ter responsabilidades de adultos e principalmente ser uma pessoa muito amada.”
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